domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Artista (2012)




C'est magnifique!




Nome Original: The Artist
Direção e Roteiro: Michel Hazanavicius

Gênero: Comédia Dramática/Romance
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller
Distribuição: Paris Filmes
EUA, 2012 (100 minutos)





Sinopse: O filme se passa na Hollywood das décadas de 1920-30 e mostra a transição do cinema mudo para o falado. As dificuldades de um ator, George Valentin (Jean Dujardin) em adaptar-se à essa nova realidade, são brilhantemente demonstradas por meio de um filme mudo e em preto e branco. Valentin conhece a dançarina e aspirante a atriz Peppy Miller, por quem acaba se apaixonando. Porém, a paixão dos dois vai além do amor físico; compartilham também o amor ao cinema.




Você pode se perguntar porque alguém resolveu fazer um filme mudo em preto-e-branco em plena era digital e 3D. Pode também achar estranho esse conceito, mas acredite, é aí que mora a inovação e a genialidade de "O Artista". Trata-se de um filme único e especial, para mim foi como ver uma pérola sendo moldada. Certamente é um novo clássico. O ator Jean Dujardin merece ser aplaudido de pé e, com toda a certeza, tem um talento único. Seu charme e sua atuação realmente dispensam palavras. Berenice Bejo também faz bonito, é uma atriz muito capaz e versátil, incorporou perfeitamente o estilo "melindrosa" dos anos 20. Trata-se de um casal fofo e envolvente, que apenas por expressões e frases escritas envolvem o espectador em uma proporção extrema.
Não se pode nem mesmo comparar "O Artista" com filmes como "Os Descendentes", que muito prometem e deixam a desejar. "O Artista" supera as expectativas e insere-se em um contexto também de transição, acabamos de enfrentar uma crise (semelhante a de 1929) e o cinema tem de se moldar à essa nova era econômica e a um novo espectador, que ama o digital e despreza o clássico. As coisas tornam-se obsoletas com uma rapidez incrível, e é difícil acompanhar tantas mudanças. Por esse motivo, esse longa é extremamente verossímil e real, ainda que retrate uma época remota. Todos os elementos do filme têm um objetivo e inspirações como a de "Cantando na Chuva" revelam-se claras.
A trilha sonora de Ludovic Bource é harmoniosa e condiz com todas as cenas. Há duas cenas maravilhosas e muito bem feitas: uma é um sonho, no qual o protagonista sente-se preso à nova realidade do falado, tudo tem som, mas ironicamente nenhuma fala consegue sair de sua boca; outra cena sensacional é a em que George Valentin vê seu reflexo na mesa, joga uma bebida para "apagar" sua imagem e ela continua a aparecer. Tratam-se de tomadas inteligentes e bem-feitas, de um retorno às origens do cinema e ainda assim de um conteúdo tão atual com o tema "mudança".
O nome de George Valentin remete à Rodolfo Valentino, um dos maiores atores dos anos 1920. Greta Garbo também é homenageada quando Peppy diz a frase: "Quero ficar sozinha". A referência do cãozinho simpático veio de Charlie Chaplin na comédia "Vida de Cachorro". E Douglas Fairbanks, que era ator de filmes de ação, inspirou a criação da carreria do protogonista.
Uma frase dita no filme resume o espírito de transição: "Abram espaço para o novo." Michel Hazanavicius disse à revista ÉPOCA que queria mostrar que, num momento da vida de todos, o mundo começa a ir mais rápido que o indivíduo, e queria também compartilhar a experiência do cinema mudo. A inspiração realmente foi o ponto de partida para "O Artista" e é impossível não se encantar e sair com um sorriso no rosto da sala de cinema. É uma experiência única para nós, "moderninhos" do século XXI; um modo muito inteligente de reviver os encantos da sétima arte. Quem ama Charles Chaplin e tem "Cantando na Chuva", o sapateado e os musicais como clássicos, irá adorar "O Artista". Eu realmente torço para que ganhe o Oscar de melhor filme, pois esse verdadeiramente merece.








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